segunda-feira, 5 de julho de 2010

O Brasil sai da Copa e a imprensa, dos trilhos

Após um vexatório 4x0, os argentinos se despedem da Copa. Não bastasse a humilhação dentro de campo, toda a imprensa internacional destacou o chocolate que os comandandos de Diego Maradona levaram da Alemanha. Apesar disso, no último domingo (04 de julho) os hermanos foram recebidos em Buenos Aires sob os aplausos de cerca de dez mil torcedores.
Já os brasileiros, eliminado após um apertado 2x1 que gerou apenas uma lamentação por parte da imprensa internacional, parecemos indignados e furiosos contra Dunga e seus comandados. E quem dá vez e voz ao "esculacho" geral é a imprensa nacional.

Paraguai, grosseria e preconceito
Por Luciano Martins Costa em 5/7/2010, para Observatório da Imprensa.

Demitido por telefone, conforme anuncia a edição de segunda-feira (5/7) da Folha de S.Paulo, ou pela internet, segundo o Globo, o técnico Carlos Dunga segue de vez para a lata de lixo da história do futebol brasileiro.

Não há contemplação: assim como o goleiro Barbosa foi responsabilizado, durante décadas, pela derrota para o Uruguai na Copa de 1950, Dunga fica para a memória coletiva, juntamente com seu pupilo Felipe Melo, como o símbolo da incompetência em 2010.

Quem decide sobre mocinhos e vilões é a imprensa. E a imprensa decretou que os dois são os culpados pela desclassificação que o país do futebol considerou prematura.

Desde o final da partida de sexta-feira (2/7), contra a Holanda, os analistas vêm desancando o ex-técnico, o irritadiço volante Felipe Melo, que se tornou seu alter ego dentro do campo, e até o armador Kaká, que chegou à seleção como o queridinho da mídia. Sobram adjetivos pesados e o jornalismo se mistura aos mais baixos instintos das arquibancadas.
Faltou tudo

Mas nada supera, em termos de baixaria, a tentativa desastrada de humor que foi cometida pela equipe do canal SporTV, do Grupo Globo. A vítima não era Dunga e nossa seleção perdedora, mas o Paraguai. Não o time de futebol, mas o país Paraguai e o povo paraguaio.

Antes do jogo no qual a seleção paraguaia foi derrotada pela Espanha, a emissora colocou no ar uma montagem na qual chama o Paraguai de "paraíso obscuro do mundo". Deprecia a economia, a gastronomia e os atributos físicos dos paraguaios e termina desqualificando sua música popular.



A cantora Ramonita Vera, citada de maneira desrespeitosa, respondeu com classe. "Se nota de longe que os brasileiros não têm humildade", afirmou. E acrescentou, referindo-se ao autor da brincadeira de mau gosto: "Não sei se se pode chamar essa pessoa de jornalista".

Depois do jogo contra a Espanha, a SporTV pediu desculpas, mas de maneira arrogante. Não conseguiu desfazer a impressão de que o jornalismo está sendo invadido pela praga do humor escrachado que grassa na televisão.

Faltou respeito, faltou bom senso, faltou qualidade e faltou humor. Um momento tão feio quanto o pisão de Felipe Melo no adversário holandês.

domingo, 4 de julho de 2010

De volta à prancheta


Já era. O "sonho do hexa" tem de ser adiado por mais quatro anos. Muitos falam que o atual elenco decepcionou. Mas eu discordo. Acho que a pressão da imprensa e, consequentemente, da população sobre a Seleção Brasileira é demasiada. Não que isso venha a afetar os atletas, todos experientes e maduros o suficiente para lidar com isso - até porque, para vestir a amarelinha tem de "aguentar rojão".
Quero dizer que esperou-se muito de um grupo que fez pouco. Há quantos anos não vemos o Brasil fazer uma grande partida? Há quanto tempo não vemos a canarinha apresentar aquele futebol de encher os olhos, com dribles desconcertantes, jogadas de genialidade individual e fantástico entrosamento? Há quanto tempo a Globo exalta a Seleção mostrando aquele mesmo drible do Robinho contra o Equador? Fomos enganados. Enganados pelo nosso fanatismo e excessiva autoconfiança. O hexa em 2010 era realmente um sonho.
Basta comparar com o Brasil da Copa do Mundo da Alemanha, em 2006. Aquela, sim, foi uma decepção. Éramos os atuais campeões do mundo. 100% de aproveitamento na Copa da Coreia e Japão (2002). Na Copa América de 2003 fomos favorecidos por uma Argentina em péssima fase. Mas atuamos com um time praticamente junior, quase um sub-20. O título da Copa América daquele ano foi comemoradíssimo. E com razão, pois os nossos meninos, o futuro do nosso futebol, já eram melhores que o elenco principal da nossa maior rival. E aquele grupo da Copa das Confederações de 2005?! Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo, Adriano e Robinho, todos em boa fase. Está certo que vestindo a camisa do Brasil eles não jogavam metade do que mostravam nos clubes. Mas ainda assim eram, sem dúvida, a melhor seleção do mundo. A prova disso foi a goleada de 4x1 sobre os nossos hermanos, na final da Copa das Confederações. Na Copa de 2006, sim, se esperava muito do futebol brasileiro. Mas decepcionamos.

Já o desempenho do Brasil nessa Copa de 2010 foi previsível. Quando ganhei a primeira tabela da Copa, numa padaria aqui do bairro, eu preenchi tudo e disse: o Brasil vai sair nas quartas de final, perdendo para a Holanda. Por que esperar tanto da Seleção Brasileira? Aquela que na Copa das Confederações do ano passado precisou de um pênalti aos 45 do segundo tempo para vencer o Egito por um chorado 4x3. Eu não esperava muito dela. Nem ninguém deveria estar tão convencido de que o Taça do Mundo seria da seleção que na última rodada das Eliminatórias da Copa torceu por outros resultados para não perder a liderança... para o Paraguai. Somos os melhores da história. Mas não somos sempre os melhores.
Sobre a nossa mania de eleger culpados e crucificá-los, eu considero uma grande falta de humildade. É como se não aceitássemos que a Seleção Brasileira, pentacampeã do mundo, pudesse ser derrotada. Não queremos acreditar que o Brasil perdeu por ser inferior. Como foi com Barbosa em 50 e Roberto Carlos em 2006, agora procuramos uma cabeça para 2010. Felipe Melo foi infantil, imprudente e irresponsável? Sim. Mas esse é o futebol dele. Se a Juventus contratou ele, é porque acha que vale a pena pagar milhões pelo futebol dele. Se Felipe está na Seleção, não foi ele quem escolheu. Felipe Melo foi escolhido. E aí chegamos ao responsável pelas convocações não só de Felipe Melo, mas também de Doni, Michel Bastos, Gilberto, Kléberson, Josué, Júlio Baptista ("La Besta") e Grafite. E ainda pela não convocação de Ronaldinho Gaúcho, Hernanes, Paulo Henrique Ganso e Neymar - não que eles fossem resolver o problema, mas ao ver a lista de convocados não dá para acreditar que não havia espaço para os citados. Dunga fez um bom trabalho? Não. Mas ele nunca havia treinado qualquer equipe. E nem pediu para treinar a seleção. Quem o colocou no cargo foi o nosso eterno Ricardo Teixeira - que na minha visão fez de Dunga um fantoche nos dois primeiros anos, até que o treinador começasse a andar e falar por si. Porém, prefiro não procurar culpados, mas aceitar que o país que teve os melhores jogadores do planeta não vem de uma boa "safra".



As quartas de final
Holanda 2x1 Brasil - após um massacre no primeiro tempo, a canarinha perde de virada. A diferença do primeiro para o segundo tempo foi absurda. A conversa no intervalo, lá no vestiário, é que foi decisiva. É onde fica clara a diferença entre um verdadeiro técnico e um jogador à beira do gramado. Não culpo Felipe Melo pelo gol contra, visto que se a bola chegou na cabeça dele é porque já havia passado por Júlio César. Este, sim, o culpado do primeiro gol da Holanda. Mas ele tem créditos até demais. Sobre a expulsão do volante brasileiro, dizem que era lance para amarelo e que ele só foi expulso por estar sem ferraduras. Mas a verdade é que com ou sem Felipe Melo a seleção brasileira não superaria a Laranja Mecânica naquela partida.

Uruguai 1x1 Gana (4x2 pênaltis) - sem sombra de dúvidas foi o melhor jogo da Copa até então. Contou com todos os elementos que fazem do futebol o mais encantador dos esportes. No fim, Asamoah Gyan não suportou o peso de um continente. O novo recorde africano ficou no quase. Bateu na trave.

Argentina 0x4 Alemanha - eu já havia comentado que, apesar dos muitos gols, a Argentina não estava jogando um grande futebol. Além de que foram favorecidos por enfrentar equipes que tinham medo de arriscar. A frágil defesa argentina ainda não havia sido testada. Os alemães testaram de todas as formas: cruzamentos altos, rasteiros, troca de passes rápidos... chocolate. Os hermanos caíram de quatro e poderia ter sido mais.

Paraguai 0x1 Espanha - emoções não faltaram. Um pênalti para cada lado num espaço de 2 minutos. Ambos desperdiçados. Quem esperava um passeio da Fúria deve ter mordido a língua. Os paraguaios foram superiores no jogo. Com uma marcação forte e um contra-ataque veloz, os sulamericanos deixaram os europeus desnorteados em alguns momentos. Mas quando tiveram a oportunidade de colocar o Paraguai à frente no placar, a responsabilidade pesou. Já a Espanha contou com a estrela de David Villa - que mais uma vez foi o herói da Fúria.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

O encanto nostálgico de Toy Story 3

Dos mesmos criadores de Procurando Nemo, Ratatouille e do vencedor do Oscar 2009 de melhor animação, Up Altas Aventuras, o terceiro filme da série Toy Story resgata a postura saudosista que estimulou o primeiro filme. Dos estúdios Walt Disney Pictures e Pixar Animation, a animação - a primeira computadorizada da história do cinema - foi idealizada por John Lasseter, que se baseou nos seus brinquedos de infância. Proposta nostálgica desde a criação.
E quem não se identificou com Andy desde o primeiro filme? Pois bem, quem é da minha geração e tinha a mesma idade do dono de Woody e Buzz Lightyear quando o Toy Story 1 foi lançado, também vai se identificar com o terceiro filme! Andy agora tem 17 anos e está prestes a ingressar na faculdade - que lá nos Estados Unidos, normalmente é longe do seu estado (incrível como os jovens de lá só querem cursos que não têm próximo às suas cidades). Falta de criatividade de diretores americanos à parte, Andy está mais velho, não toca nos brinquedos há quase dez anos. Todos eles se encontram esquecidos dentro de um baú. Andy somos nós, prestes a tomar uma decisão que talvez já tenhamos tomado: jogar os brinquedos fora. Como desde o início o enredo gira em torno de Woody e Buzz, teimamos em não aceitar que os bonecos sejam deixados de lado. Diferentemente do que fizemos nas nossas vidas reais.
O Filme
A primeira cena já mostra a sua proposta saudosista: cenas de Andy, ainda criança, brincando com todos os seus brinquedos. É a mãe do garoto vendo fitas, lembrando e se emocionando diante da despedida do filho, que viajará em três dias.
Os brinquedos ouvem tudo e tentam, sem sucesso, fazer com que seu dono volte a brincar com eles. Desmotivados, só aguardam a despedida. O único que parece não desistir é Woody, o que "nunca abandona seu companheiro". Molly - a irmã de Andy, aquela bebê que aparece nos primeiros filmes - está entrando na pré-adolescência e também deixou alguns brinquedos, como a Barbie, de lado. E, com a viagem de Andy, Molly vai "se mudar" para o quarto do irmão. Aproveitando toda essa arrumação e desarrumação de quartos, a mãe deles aproveitou para exigir que os brinquedos fossem doados para Sunnyside, a creche do bairro.
Entre desentendimentos, indignação, heroísmo, informações falsas, armadilhas, flertes inesperados, brigas e muitas aventuras, os personagens nos proporcionam muitos risos. Destaco as transformações de Buzz Lightyear para as versões "maligna" e latina; e a participação de Ken, o mais marcante dos novos personagens. O "namorado da Barbie" se destaca por ser um personagem cujas piadas que o cercam não são infantis. É um humor mais próximo do adulto, envolvendo carência afetiva e uma subentendida dúvida sobre a sua sexualidade, advinda da visão adulta sobre o Ken.
"O tempo passa, as crianças envelhecem. Os brinquedos também. Os interesses mudam, mas a memória fica. Toy Story poderia permanecer congelado, repetindo, aventuras sen considerar o momento dos envolvidos. Seria lucratico, mas não o faria especial. portanto, assista e prepare o lenço. É difícil não se emocionar ao fim da sessão."(Francisco Russo, de adorocinema.com)


Sobre a versão 3D do filme, eu não posso falar muito, pois não assisti. Mas conheço algumas pessoas que assistiram e reclamaram. Disseram que não vale a pena, porque o que deveria "vir para frente" não vem. Ou seja, você quase R$ 5,00 paga mais caro por nada, visto que nem os óculos você leva de lembrança. Mas quem quiser assistir, as sessões em 3D são estão sendo exibidas nos Shoppings Center Recife e no Shopping Guararapes.

Classificação: livre
Shopping Recife (3207 0000)
Preços: Segundas, Terças e Quintas-feiras: R$ 14,00/ 7,00; Quartas-feiras: R$ 10,00/ 5,00; Sextas-feiras, Sábados, Domingos e feriados: R$ 17,00/ 8,50.
Plaza Shopping Casa Forte (3265 8100)
Preços: Segundas, Terças e Quintas-feiras: R$ 14,00/ 7,00; Quartas-feiras: R$ 10,00/ 5,00; Sextas-feiras, Sábados, Domingos e feriados: R$ 18,00/ 9,00.
Shopping Boa Vista (3483 3001)
Preços: Segundas, Terças e Quintas-feiras: R$ 11,00/ 5,50 (até as 17h) e 13,00/ 6,50 (após as 17h); Quartas-feiras: R$ 10,00/ 5,00; Sextas-feiras, Sábados, Domingos e feriados: R$ 15,00/ 7,50.
Shopping Tacaruna (3412 6600 ou 3421 6600)
Preços: Segundas, Terças e Quintas-feiras: R$ 14,00/ 7,00; Quartas-feiras: R$ 10,00/ 5,00; Sextas-feiras, Sábados, Domingos e feriados: R$ 12,00/ 6,00 (até as 14:55h) e R$ 15,00/ 7,50 (após as 15h).
Shopping Guararapes (3207 1212)
Preços: Segundas e Quartas-feiras: R$ 9,00/ 4,50; Terças e Quintas-feiras: R$ 11,00/ 5,50 (até as 17h) e R$ 13,00/ 6,50 (após as 17h); Sextas-feiras, Sábados e Domingos: R$ 14,00/ 7,00 (até as 17h) e R$ 16,00/ 8,00 (após as 17h).